No sábado, dia 28/07/2018, tivemos um worskhop introdutório sobre jogos tradicionais africanos com a professora e pesquisadora Elizabeth Jesus da Silva (doutora em Educação pela UFBA) como parte das atividades do grupo de pesquisa e extensão, aberto a estudantes da disciplina de introdução às artes do continente africano e demais interessados. Apresentando alguns dos jogos principais como Mancala, Shisima, Yote e Fanorona, Elizabeth falou sobre as origens e variantes dos jogos, bem como da experiência do seu uso em sala de aula no contexto do ensino fundamental e médio em escolas públicas. Tivemos também a participação mais do que especial do Prof. Kabengele Munanga na oficina.
Trata-se de utilizar os jogos como mediadores no ensino de história, bem como eu uso transversal em conjunto com outras disciplinas como matemática, desenho geométrico, artes, geografia, além de proporcionar a integração com narrativas e lendas. No uso dos jogos, a pesquisadora destacou a desconstrução dos estereótipos do continente africano frequentemente tratado como um “único país”, atentando para a diversidade cultural nos países com suas respectivas histórias. Também desmontar a imagem exclusivamente negativa do continente que muitas vezes é relacionado com ideias de pobreza, doenças e com o “primitivo”. Trata-se de reconhecer através dos jogos os saberes, a estratégia e a lógica presentes que depois se desdobram em conhecidos jogos de tabuleiros. Olhar a África em sua diversidade e unidade de modo complexo, bem como local da origem de culturas e tecnologias. No ensino médio e fundamental, parte-se das imagens e estereótipos dos estudantes para revelar um continente mais complexo. Recomendamos a leitura do artigo “Desafio para o ensino da cultura e história da África: experiência com jogos africanos em escolas públicas” publicado na revista Novos Olhares Sociais, v.1, n.1 (2018) do dossier especial África Brasil.
Depois todos e todas aprenderam a jogar Shisima e Mancala. O primeiro jogo teve origem no Quênia e é uma espécie de jogo da velha; o segundo originou-se no Egito Antigo durante a revolução agrícola, sendo um jogo estratégico de transferência que trabalha com a ideia da semeadura bem como com o princípio de cooperação. A prática e o processo dos jogos trazem uma dimensão participativa e de outro tipo de engajamento dos corpos em sala de aula, proporcionando aberturas e colaboração.